quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Migrar é um direito humano.



PRODUÇÃO DE TEXTO :  XENOFOBIA

PROPOSTA - Migrar é um direito humano.

A xenofobia cresce na Europa
por Gianni Carta — publicado 21/12/2014 08h37,
A extrema-direita em toda a União pretende barrar ou expulsar imigrantes

A xenofobia está, mais uma vez, em ascensão no Velho Continente. Em comum, a extrema-direita quer barrar ou expulsar imigrantes e aqueles em busca de asilo. Pretende pôr um fim no acordo de Schengen, que permite a livre circulação de cidadãos europeus por 26 países. Almejam a eliminação do euro e, por tabela, o naufrágio da União Europeia para, e assim, reaver maior autonomia nacional.
 A crise econômica, é claro, faz eleitores de diferentes tendências ideológicas migrar para os partidos de extrema-direita.Por essas e outras, integrantes de partidos de centro-direita, como o UMP, e seu líder Nicolas Sarkozy, candidato à Presidência em 2017 na França, adotam o discurso. O principal alvo, quiçá o mais fácil no contexto de “perda de identidade”, é o estrangeiro. Motivo: ele oferece a face a uma mescla de temores.
 Resumiu na segunda-feira 15 Hollande: “Os estrangeiros são sempre acusados dos mesmos males... São sempre os mesmos preconceitos, as mesmas suspeitas invariavelmente impingidas”. Até numerosos cidadãos de países escandinavos, outrora considerados tolerantes, passaram a colocar estrangeiros na cruz.

O ciclo do ódio
por Wálter Maierovitch — publicado 21/08/2015 04h42
Preconceito e intolerância dominam o mundo.

Conta-se que Albert Einstein teria dito ser mais fácil desintegrar o átomo do que acabar com os ódios na sociedade. Basta atentar para os primeiros sete meses de 2015 para lhe dar razão.
Sobre o tráfico de desesperados migrantes para a Europa, comove o relato do sírio Eyas Hasoun, dado ao jornal Corriere della Sera no apagar de julho e logo após a morte da sua filha Raghad, de 11 anos.
A menina sofria de diabetes.  A esperança do pai era operá-la na Alemanha, onde ambos pretendiam chegar. Viajantes de um barco precário saído da Líbia, destinado ao tráfico de  seres humanos e  operado por uma das dezenas de organizações criminosas que passaram a deter parte do controle territorial e social do país depois da queda de Muammar Kaddafi, assassinado em 20 de outubro de 2011.

Segundo programado pelos traficantes de seres humanos, o barco chegaria à ilha siciliana de Lampedusa e Hasoun e Raghad fugiriam da Itália  para a Alemanha. Pai e filha enferma pretendiam manter a clandestinidade e, para isso, tentariam evitar o obrigatório registro imigratório, medida geradora de proibição de ingresso em país da União Europeia diverso daquele do desembarque. A esperança de Hasoun virou pó ao cabo da aventura vivida para deixar uma Síria em guerra, evitar as tropas fiéis a Bashar el-Assad e as decapitação por “soldados” fanáticos do Estado Islâmico. Em alto-mar, o traficante no comando da embarcação atirou a mochila de Raghad às águas, embora sabedor de conter toda a medicação necessária a mantê-la viva. Pela falta de insulina, Raghad agonizou e morreu no curso da travessia, sem largar a mão do pai, desesperado e sem alternativas.
Nem essa tragédia conseguiu abrandar a xenofobia europeia, encabeçada por líderes populistas-fascistas, como a francesa Marine Le Pen e o italiano leghista Matteo Salvini. Em cena, na Europa de hoje, duas posturas opostas. De um lado o papa Francisco, que recomenda priorizar o ser humano. Do outro, o odioso discurso da direita europeia pelo fim da migração continental, e a sustentar o enganoso discurso do “ajudar nas próprias casas, nos seus países”, como se fosse possível dissuadir fugitivos e enviar ajuda do Chifre da África à Guiné Equatorial e aportes à Ásia. Fora isso, até a esfinge de Gizé sabe que dirigentes africanos gostam de embolsar ajuda internacional e manter na miséria os seus povos.
Nesta semana, dois barcos saídos da Líbia, ambos à deriva e um deles a fazer água, emitiram o SOS, captado por portos italianos. Houve pronta ajuda e 700 fugitivos foram salvos. Esse episódio, na esteira da tragédia da menina Raghad, e de tantas outras. Desta vez, o secretário da CEI (a CNBB da Itália), monsenhor Galantino à frente, surge em cena para repisar o pensamento do papa Francisco na condenação do ódio aos imigrantes.

Sexta-feira, 12 de junho de 2015
 Xenofobia, Racismo e os Haitianos no Brasil
Por Jesús Sabariego, Pierre Guibentif , Cícero Krupp da Luz,  Gustavo Oliveira de Lima Pereira e Augusto Jobim do Amaral /Pensemos 

"Descobri que era negro quando cheguei ao Brasil"
Há um relato de um dos haitianos presentes no II Seminário do Fórum Permanente sobre Mobilidade Humana, ocorrido em Porto Alegre na Universidade Federal do RS, em novembro de 2013, a qual pode ser dado especial destaque: "eu não era negro no Haiti. Eu só descobri que era negro no Brasil". A frase, em tom de desabafo e denúncia, demonstra que a recepção dos haitianos no Brasil, bem como de outros migrantes também na mesma condição de vulnerabilidade, não vem sendo condizente com o passado brasileiro de acolhida a imigrantes oriundos de diversas partes do globo. Mais do que isso, o relato demonstra cruamente que a xenofobia "velada" (ou seja, disfarçada pela crítica tacanha de que não seriam eles haitianos e demais uma "mão de obra qualificada" para o país, pois, do contrário, seriam bem vindos), vem também acompanhada por um racismo também "muito bem" disfarçado, já que ninguém se considera racista no Brasil. Esse é o pensamento que leva a pronunciamentos que adentram o nível do delírio, como o do deputado Jair Bolsonaro, ao afirmar não existir racismo no Brasil.

Recentemente, num jornal de grande circulação da capital gaúcha, um leitor, inconformado com o anúncio da proximidade de chegada de novos haitianos ao estado, fez questão de registrar seu descontentamento. Disse ele: "não consigo entender como ele (referindo-se a algum colunista do jornal) pode aprovar a vinda de haitianos e senegaleses e outros similares, não na sua cor, pois não sou racista, mas pelo índice cultural, que conforme informa a imprensa é em 90% dos casos baixíssimo. [...] é comprovado que pessoas com pouca ou quase nada de formação cultural tem a tendência natural de caírem para o lado do crime [...]. A prova disso foram os escravos que vieram para o Brasil (negros) que chegaram sem nenhuma formação nem cultura, e proporcionalmente hoje ocupam a maioria das vagas nos presídios".
O breve comentário do leitor, por si só, já denota uma preciosidade sociológica, e quanto a ele cabem infindáveis possibilidades de análises que aqui nos ocuparemos por breves instantes antes de prosseguirmos. A primeira delas e talvez mais estridente: por que motivo o grandioso veículo de comunicação torna pública a opinião de conteúdo xenofóbico "velado" tamanhamente verificável?

É democrático publicizar todas as opiniões dos leitores ou opiniões que legitimam a violência? Devem tais mensagens racistas, por uma prerrogativa de promoção dos direitos humanos e desincentivo à difusão dos discursos de ódio, ser descartadas pelo corpo editorial? Outras milhares de questões ainda se acotovelam por aqui: quem são os tais "similares" aos haitianos aos quais o leitor se refere? Trata-se de uma questão peculiar à vinda dos haitianos ou é possível tão rapidamente assim tratar tal fenômeno migratório de forma tão genérica, sem um minucioso cuidado para evitar generalizações perigosas? É possível afirmar-se como "não-racista" após um comentário que associa procedência e cor ao fenômeno da criminalidade? (aliás, parece-nos que é até mesmo um pré-requisito para ser racista acreditar-se não ser um. Todos os racistas que conhecemos não se acham racistas, pois ninguém se auto proclama como racista, assim como ninguém se auto proclama como homofóbico. Logo, em linhas gerais, o preconceituoso velado que acredita não o ser, torna-se uma das principais linhas de ataque que aqui se irrompe).
(...)
Cabe, por fim, fundamentalmente lembrar que o direito de migrar é um direito humano. Independente de ser uma situação de migração voluntária ou uma migração forçada, o fato é que o direito de migrar pertence a todo e a qualquer ser humano, e só poderemos realmente construir uma verdadeira racionalidade voltada para uma formação social emancipatória em termos de direitos humanos se pararmos de tratar esses direitos humanos de forma à la carte.



* Pensemos é um círculo acadêmico internacional integrado por professores e pesquisadores universitários, do âmbito do Direito, da Filosofia, da Ciência Política, da Sociologia, da Educação, dos Direitos Humanos e Desenvolvimento, que tem por objetivo um encontro teórico e interdisciplinar sobre as problemáticas da democracia e dos sistemas políticos 


OBS : Foi preciso que uma foto inacreditavelmente chocante e dolorosa ganhasse o mundo para que posições extremadas fossem revistas , embora ainda seja uma pálida atitude diante dos problemas sociais que estamos vivenciando.O pequeno Aylan, o menininho sírio, jogado em uma praia europeia transformou-se em símbolo de uma luta que apenas está começando. PRECONCEITO E XENOFOBIA SÃO CRIMES  CONTRA  A HUMANIDADE. 

Você pode criar textos como : artigo de opinião, editorial, manifesto, carta aberta, dissertação argumentativa ou ainda modelo -ENEM, com intervenção, todos estes gêneros compatíveis com o tema proposto.
O importante é posicionar-se e cercar-se de argumentos sólidos que componham um texto convincente.